Local - Câmara Municipal de São Paulo
Em 2013, o futuro
prefeito de São Paulo e a Câmara Municipal serão responsáveis por
apresentar e
debater o novo Plano Diretor da cidade. Antecipando a necessidade de se contar com
um planejamento inteligente da cidade para as próximas décadas realizou-se, em
17/10/2012, a quinta Reunião Plenária do Fórum Suprapartidário por uma São Paulo Saudável e Sustentável, nas dependências da Câmara
Municipal de São Paulo, com o Seminário “Cidades Saudáveis e Sustentáveis:
conceitos e desafios para a futura Elaboração do Plano Diretor da Cidade de São
Paulo”. O seminário foi o primeiro evento público do Fórum Suprapartidário,
organização formada por representantes da sociedade civil, cidadãos e
vereadores, criado no âmbito do Legislativo Municipal em 12/04/2012.
A coordenação dos
trabalhos ficou a cargo de Sérgio Reze (Diretor do Movimento
Defenda São Paulo)
que explicitou o entendimento do Fórum sobre o conceito de cidade saudável e
sustentável: aquela cujo planejamento territorial se dá para garantir um ambiente
equilibrado e com qualidade de vida.
Os vereadores José Police Neto (Presidente
da Mesa Diretora da Câmara Municipal) e Carlos Neder (autor da lei que deu
origem ao Fórum Suprapartidário) manifestaram-se, o primeiro elogiando o
empenho e o engajamento dos presentes na elaboração de um debate fértil que
culminou com a proposição de criação de um Fórum Suprapartidário, considerado
uma inovação na Casa das Leis e o segundo destacando que a discussão dos
conceitos de Cidade Saudável e de Cidade Sustentável é de fundamental
importância para a reflexão sobre o futuro Plano Diretor e para as propostas de
âmbito metropolitano.
Carlos Neder informou, também, que o conteúdo do
Regimento Interno, proposto pelo Fórum, foi aprovado pela Mesa Diretora da
Câmara em 16/10/2012, com publicação no DOM em 17/10/2012, assim como a
reprodução de 200 (duzentos) exemplares para distribuição aos integrantes do
Fórum. Na sequência, especialistas convidados apresentaram suas reflexões sobre
os conceitos de Cidade Saudável e Cidade Sustentável.
O
primeiro foi o médico sanitarista Marco Akerman (Livre-Docente pela Faculdade de Saúde
Pública da USP e vice-diretor da Faculdade de Medicina do ABC). Segundo o
palestrante, a saúde é mais do que o conteúdo atualmente apresentado nas campanhas
políticas, pois ela se manifesta nos “espaços da vida” e não apenas no ambiente
hospitalar. Todas as políticas
públicas têm impacto na saúde e promover uma cidade saudável é distribuir, de
forma igualitária, recursos, serviços e informações; há que se considerar, nas escolhas
políticas, princípios e valores, pensando-se as propostas e até o orçamento por
temas e não de forma setorizada. Exemplificou com a implantação de corredores
de ônibus, que permitem às pessoas chegarem mais cedo em casa, mas, por outro,
dados mostram que aumentou, também, o número de atropelamentos. Destacou a
importância de se “construir” o que é uma cidade saudável e sustentável
contando, também, com oficinas, a partir das quais a população se aproprie
deste conceito de planejamento integrado.
O segundo especialista, Maurício
Broinizi Pereira (Coordenador da Secretaria Executiva da Rede Nossa São Paulo,
Doutor em História Econômica pela USP) destacou que os candidatos a prefeito da
cidade, nas eleições em segundo turno, assinaram a carta compromisso do
Programa Cidades Saudáveis (da Rede Nossa São Paulo). Explicou quais são as
ferramentas contidas no Programa, incluindo 100 (cem) indicadores básicos que
afetam a qualidade de vida das pessoas e exemplos
de boas práticas já em funcionamento em outras cidades, destacando que a
plataforma proposta pode contribuir para nortear o futuro Plano de Metas e o
novo Plano Diretor. Referiu-se, também, ao Plano Municipal de Habitação (PMH),
em debate no Legislativo, propondo que não seja votado em 2012, considerando a
necessidade de integrá-lo com outros planos, a exemplo do Plano Municipal de
Trânsito e Mobilidade.
Aberta a palavras aos
presentes, manifestaram-se:
(1) Paulo Capucci (Associação Paulista de Saúde
Pública), explicitando a adesão da entidade ao Fórum e destacando que a cidade
saudável e sustentável não é uma “idéia bucólica”, mas deve ser factível e
produtora de saúde;
(2) André Aquino (Movimento Respira São Paulo) destacando a
importância do transporte por trólebus;
(3) Glória Costa (moradora da Nova Luz)
destacando a necessidade do pensar coletivo sobre o cuidado com os usuários de
álcool e outras drogas e a preocupação com o Projeto Nova Luz e o risco de
desapropriação de moradores;
(4) Ros Mari Zenha (geógrafa e membro do Movimento
de Oposição à Verticalização e Preservação do Patrimônio da Lapa e Região –
Mover) destacando que o Fórum deve se preocupar em oferecer subsídios concretos
para a definição do novo Plano Diretor, instrumento que deverá coibir ações, em
especial do mercado imobiliário, que têm desrespeitado as condições do meio
fisco da cidade e piorado a qualidade de vida de seus moradores;
(5) Luciana
Silva (moradora da Vila Mariana) citando o caso da degradação de sua cidade,
Manaus, pela instalação da Zona Franca, sem planejamento e participação da
comunidade nas decisões e questionando sobre o apoio do poder judiciário nestas
situações;
(6) Edson Silva (representante do Movimento Sampapé) destacando a
importância de políticas públicas que incentivem o locomover-se a pé pela cidade,
lembrando que a cidade não é pensada para o cidadão e que os planos de
mobilidade urbana nunca consideram a possibilidade do cidadão andar a pé na
cidade;
(7) Luís Rogério (Partido Humanista)
destacando a importância do incentivo à participação popular e à articulação da
sociedade para pensar como queremos São Paulo em 2020;
(8) Lia (Vila Nova Esperança)
contando que reside em uma “área verde” e que os moradores estão sendo ameaçados
de despejo, lembrando que, se não têm esgoto e estão sujando o meio-ambiente, a
culpa é do poder público e que gostaria de transformar seu bairro em uma vila
ecológica; lembrando, ainda, que em áreas de mananciais há casas de pessoas
pobres e de pessoas ricas, perguntando como o Ministério Público atua nesses casos
e se participará do fórum;
(9) Elisa (Movimento ZN na linha) denunciou que
30.000 pessoas estão sendo ameaçadas de serem despejadas de suas casas na Zona
Norte por conta da construção do Rodoanel Norte;
(10) Luíz Augusto Vassoler (Nuprodec Lapa) explicitando que a população está exposta a diversas substâncias cancerígenas: radiação de antenas, baterias, fumaça de óleo diesel entre outros e que o poder público tem proibido o uso de substâncias assim que se comprova cientificamente seu potencial nocivo, mas, enquanto esta comprovação não ocorre, muitos acabam prejudicados em sua saúde e bem-estar ao longo do tempo e
(10) Luíz Augusto Vassoler (Nuprodec Lapa) explicitando que a população está exposta a diversas substâncias cancerígenas: radiação de antenas, baterias, fumaça de óleo diesel entre outros e que o poder público tem proibido o uso de substâncias assim que se comprova cientificamente seu potencial nocivo, mas, enquanto esta comprovação não ocorre, muitos acabam prejudicados em sua saúde e bem-estar ao longo do tempo e
(11) Gunter Pollack destacando que “o
que é de todos, não é de ninguém” e que nossa cidade cresce rapidamente e não
vemos solidariedade; enfatizou que é preciso promover o enraizamento e a
identificação da pessoa ao local onde mora.
O palestrante Maurício Broinizi,
respondendo às questões do plenário, destacou que o plano de mobilidade de uma
cidade sustentável deve priorizar o transporte público e limpo, que não seja
oriundo de combustíveis fósseis; a necessidade de implantar, nos 96 distritos
da cidade, todos os equipamentos públicos que faltam, destacando as pesquisas
que mostram que cerca de 50% das pessoas gostariam de se mudar da cidade, mas, ao
contrário, têm maior identificação com seus bairros. Lembrou que os partidos
políticos são a via de acesso ao Estado e é preciso pensar a atuação destes
partidos, pois o Estado tem ficado a mercê de grupos de interesse privados.
Marco Akerman, respondendo às preocupações do plenário, comentou que a
violência na cidade de São Paulo apresenta-se com índices maiores de homicídio
na periferia e índices maiores de atos contra o patrimônio nas regiões mais
centrais. Considerou que é preciso priorizar a necessidade social de cada região
e lembrou que promover a cidade saudável é distribuir de maneira equitativa os recursos
na cidade.
Os dois candidatos à prefeito da cidade, José Serra e Fernando
Haddad, foram convidados para o evento. Apenas o candidato do Partido dos Trabalhadores
– PT enviou representante: o urbanista e vereador eleito Nabil Bonduki.
Destacou o representante que, em eventual
administração petista, será preciso, em primeiro lugar, avaliar o atual Plano
Diretor, para saber se os objetivos estabelecidos em 2002 foram ao encontro de
uma cidade saudável e sustentável. Isso permitirá com que se reflita sobre a
cidade que queremos para daqui a dez anos e quais os instrumentos urbanísticos
e ações necessárias para atingir os objetivos. Destacou, também, o compromisso
do candidato Fernando Haddad de estabelecer e manter diálogo constante com a
sociedade civil, de atuar no sentido da intersetorialidade e da
descentralização administrativa. Lembrou que o programa de governo foi
construído em fóruns com especialistas e com a sociedade civil, em inúmeras
reuniões, e que será um governo de diálogo e construção coletiva a partir do
programa definido.
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